Paróquia Nossa Senhora de Fátima - Lisboa

sexta-feira, 27 de março de 2009

"Senhor, nós queríamos ver Jesus"

Talvez fosse apenas uma simples curiosidade.

Ou talvez fosse algo mais aquilo que levou aqueles homens a irem ter com Filipe e a dizer-lhe: “Senhor, nós queríamos ver Jesus”

Se calhar tiveram a intuição de que Jesus talvez fosse a resposta que procuravam. Sim, porque todos os homens, de uma forma ou de outra, confessada ou não, procuram…

E todos vivem o desejo secreto de encontrar respostas de vida para perguntas que às vezes não estão ainda sequer formuladas…

Não vale a pena perder muito tempo a tentar imaginar o que aqueles homens sentiam ou não quando disseram a Filipe o que disseram. Mas vale seguramente a pena interrogarmo-nos sobre nós próprios.

E perguntarmo-nos se aquilo que já conhecemos de Jesus é suficiente para nos fazer desejar intensamente vê-l’O. Claro que o que interessa não é só ver.

Mas antes experimentar o que de grande e absolutamente único se pode viver junto de Jesus: aquele ambiente de serenidade, de paz, de tranquilidade e alegria interior…

Ou seja, tudo aquilo que faz correr os homens, tudo aquilo com que todos sonhamos…

É bom que cada um de nós consiga dizer com verdade: “Senhor, nós queríamos ver Jesus”.

Mas é melhor ainda perceber o segredo de vida que Jesus nos dá para O vermos: “Se o grão de trigo lançado à terra não morrer, fica só ele. Mas, se morrer, dará muito fruto”.


Pd. Luís Alberto

sexta-feira, 13 de março de 2009

A Solidão Mata

Nenhum de nós existe sem os outros.
Porque não existimos sem Deus…
Nós somos os laços que criamos com os outros.
Porque Deus é laço, é união, é Amor…
É por isso que, logo que olhou para o homem, acabado de criar, Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só”.

Se há algo que mata de verdade (uma morte bem mais dolorosa e importante que a morte biológica…) é a solidão!

E, num mundo como o nosso, onde, pelo menos aparentemente, há mais comunicação, onde as pessoas se acotovelam em todo o lado, por mais estranho e contraditório que pareça, dá ideia que nunca foram tão numerosas as pessoas que estão sós.
Não porque vivam sozinhas.
Mas porque não têm laços fortes (algumas nem fracos…) a prenderem-nas a ninguém…

São vítimas das circunstâncias da vida que assim o ditaram, ou então deles próprios porque foram os primeiros a fechar-se e nunca arriscaram sair de si para ir ao encontro dos outros…
É que a melhor maneira de ter amigos, sempre foi e será ser amigo!...
Neste tempo da Quaresma os cristãos são chamados a perceber a sua vida como caminho para o Amor.
E, por isso, são também convidados a viver mais atentos aos outros e a partilhar com eles os seus bens…

Talvez seja tempo de aprendermos a partilhar a nossa presença e assim matarmos a solidão que afecta tantos irmãos nossos.
São tantos os que estão a morrer por dentro, porque estão sós…
São tantos os famintos de uma visita, um sorriso, um gesto de atenção, uma palavra que lhes diga que são importantes e que há alguém que conta com eles e precisa deles…

E isso não é nem hipocrisia nem cinismo.
É verdade!
Apesar de muitas vezes termos dificuldade em o reconhecer e exprimir.
Devíamos ter a simplicidade de o dizermos mais vezes uns aos outros!...

Pe Luís Alberto

quinta-feira, 5 de março de 2009

Perder alguém é também perder-se…

Lembro-me de, quando era muito pequeno, ir com a minha mãe ao Cartaxo.
Na altura o Cartaxo era muito diferente do que é hoje.
Era uma vila pequenina, apesar de aparecer como muito grande aos meus olhos de criança...
E daí o medo que eu tinha de me perder…

Ainda apanhei alguns sustos, do género de me distrair a ver qualquer coisa e, de repente, olhar para o lado e não ver a minha mãe ali logo ao pé de mim…
É que perder a minha mãe era sinónimo de perder-me, de ficar desorientado, de não saber nem o que fazer nem para onde ir…

Quando a morte passa perto de nós e perdemos alguém que nos é muito próximo sentimos algo de parecido…
E a intensidade com que o sentimos e vivemos depende naturalmente da profundidade dos laços que nos ligavam a essas pessoas


A minha mãe e um dos meus irmãos morreram há pouco tempo.
E tenho amigos a viverem situações semelhantes.
Penso conseguir imaginar como se sentem.
Certamente um pouco perdidos e desorientados, sem muitas vezes se darem logo bem conta do que lhes está a acontecer…

Tudo parece ficar suspenso no vazio.
A não ser que haja Alguém que permaneça coo referência de absoluto, Alguém com quem estabelecemos uma relação que dá sentido a tudo até mesmo àquilo que parece não ter sentido nenhum…

Esta é a riqueza, a grandeza e a beleza da fé:
Nunca nos deixa sentirmo-nos completamente perdidos.
Porque, para lá de tudo o que se perde, há sempre uma relação que sobrevive, a nossa relação com Deus, que ilumina todas as outras relações que ganham um sentido novo porque não morrem e apenas aparentemente se perdem!...

Padre Luís Alberto