Paróquia Nossa Senhora de Fátima - Lisboa

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Ensinava-os como quem tem autoridade

Jesus impunha-se.
Com naturalidade.
Pela maneira como agia e por aquilo que dizia:«Ensinava-os como quem tem autoridade»…
Havia nele uma novidade que começou por cativar quase todos os que se cruzavam com Ele
pela primeira vez.
Mas depressa essa novidade se transformou em exigência de absoluto que escandalizou uns(Quem era ele para proceder daquela maneira,duma maneira só própria de Deus?...) e fez com que a maior parte, confrontada com a radicalidade da entrega que Ele reivindicava,desistisse de O seguir…

Outros houve que, depois da experiência única do encontro com Jesus ressuscitado,
perceberam o segredo dessa novidade e nunca mais a quiseram largar da mão. E a novidade que escandalizava ou levava a desanimar transformou-se na razão primeira porque se dispuseram a segui-l'O até ao fim!...

Nós somos herdeiros e testemunhas desta história que também fazemos nossa!
Ou não seremos?...

Padre Luís Alberto

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

"Arrependei-vos e acreditai no Evangelho"

Quem está à espera de ouvir da boca de Jesus a confirmação daquilo que pensa, sente e é,desiluda-se.
Mesmo quando existe já em nós alguma sintonia com Jesus (fruto de tantos séculos de vida cristã, de valores vividos e passados de geração em geração…) estamos sempre muito longe de alcançar toda a profundidade e radicalidade de vida a que o Senhor Jesus nos convida. E é por isso que, para O acolher, não há outro caminho senão o da conversão: "Arrependei-vos e acreditai no Evangelho"
Os que sabem que foram criados para muito mais do que aquilo que já vivem, os que
percebem na insatisfação o apelo de uma abundância e uma plenitude que nos quer
preencher, esses são capazes de arriscar o caminho da conversão. E, sem pensar duas vezes, resistindo à tentação de olhar para trás, para aquilo que deixam, deitam mãos ao caminho e seguem prontamente o Senhor Jesus sempre que O ouvem: "Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens". E quanto maior é a inteireza com que respondem a este chamamento mais se sentem confirmados na verdade do caminho escolhido! É que o Evangelho é mesmo Evangelho! E só o percebemos de verdade quando nos entregamos totalmente a ele!!!...

Padre Luís Alberto

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Pobreza?

São já muitos os Natais em que, por missão, tenho de falar sobre esse mistério do Deus que se faz homem.
Constatar a humildade e a pobreza do presépio de Belém não é, por isso, propriamente uma novidade: creio que todos os anos, com mais ou menos vigor, sublinhei essa realidade.
No entanto, este ano foi como se deparasse com ela pela primeira vez.
Porquê um nascimento assim?
Deus feito homem já é extremamente difícil de ser acolhido e compreendido por nós… Porquê tornar as coisas ainda mais difíceis de aceitar?
Porquê escolher a pobreza (uma realidade que instintivamente todos procuramos evitar.)?...
Esta pergunta acompanhou-me durante todo este tempo do Natal e continua a interpelar-me.
Não encontrarei certamente uma resposta definitiva para ela.
Mas para já há uma coisa que sei e que quero partilhar: a certeza de que, no que diz respeito a Deus, nada acontece por acaso.
E isso quer dizer, à partida, que a pobreza do presépio de Belém não é um papel de embrulho poético para “mexer” com a nossa sensibilidade…
Tem seguramente a ver com a autenticidade de Deus se dizer em linguagem humana: Deus não pode ser homem de outra maneira!
Dito de outra maneira: Deus não pode ser senão pobre e o Homem (que é imagem e semelhança de Deus) só é Homem de verdade quando descobrir e viver a pobreza.
A pobreza do nascimento de Jesus foi a pobreza com que sempre viveu (ele que dizia de si mesmo que “o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”).
A mesma pobreza que nos irá propor como caminho de felicidade este Menino que nos veio revelar a verdade do que é ser Homem: “Felizes os pobres…”
Sei que a pobreza, como os seus parentes mais próximos (a humildade, a sobriedade, a temperança…), não é muito popular numa cultura que procura acima de tudo o bem-estar (entendido muitas vezes de uma forma confrangedoramente materialista).
Mas quem acredita em Jesus como seu Salvador ou a leva a sério como proposta de vida (por muito que tenha de “queimar as pestanas” a tentar compreendê-la…) ou andará sempre longe do essencial e passará ao lado da Vida em abundância que Jesus nos veio dar!...

Pe. Luís Alberto

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Porquê adiar mais?

Morreu sem ser baptizada.
Mas queria muito sê-lo…
Já o tinha manifestado claramente e tudo estava a ser tratado nesse sentido.
A morte antecipou-se e não deixou que as coisas acontecessem ao ritmo que tínhamos programado…
Do ponto de vista que mais importa, o da sua salvação, o que conta é sem dúvida esse desejo que não foi seguramente ignorado pelo Deus que lê o coração do homem…

Não é isso que me faz pensar neste momento.
O que me interpela mais é pensar nos adiamentos que a privaram de uma vivência mais forte e mais ligada a Deus (esse Deus em quem já acreditava…), sobretudo na dor, com a graça própria de quem se sabe filho e é habitado pelo Seu Espírito…

Esta lógica do adiamento parece estar cada vez mais presente na maneira como vivemos e envenena e muito a nossa vida: faz-nos perder oportunidades únicas de crescermos mais, desvalorizando dimensões fundamentais da nossa vida, acomodando-nos a desperdiçar tempo e energias em realidades que não o merecem, trocando o que é mesmo importante por outras coisas que apenas têm como justificação o comodismo e a preguiça…

Um ano novo que começa é sempre um desafio a procurar algo mais para a nossa vida.
A cultura ambiente promove essa procura nos excessos da festa exterior (como se ela pudesse preencher e calar o vazio que reina dentro de nós…).
Neste novo ano vamos procurar a novidade onde ela se encontra!
Vamos desistir de procurar fora de nós o que só dentro de nós pode ser encontrado!
Vamos arranjar tempo e criar condições para o silêncio, para nos escutarmos a nós próprios escutando a Vida.
Sem adiarmos.
Para não perdermos nada do muito que Deus tem para nos dar.
Já hoje!!!

Pe Luís Alberto